Aumenta o consumo fora de casa em Portugal

Estudo produzido pelo IMR mostra que os portugueses estão a distanciar-se das suas cozinhas para comer fora ou fazer encomendas

18 · 03 · 2019

Como foi o seu almoço de ontem? O que irá comer à noite? Caso a sua resposta tenha sido algo que não foi ou será feito em casa, significa que está a fazer parte de um número crescente de portugueses que está a escolher fazer as refeições fora de casa. Um estudo produzido pelo IMR, e apresentado exclusivamente durante a conferência FoodBiz 2019, no dia 14 de março, revelou que em Portugal as pessoas estão cada vez mais a distanciar-se das suas cozinhas para comer fora ou fazer encomendas.

Mais de 2 mil consumidores foram entrevistados no estudo de comportamento e tendências que respondeu a diferentes questões no setor de food service. Em relação às tendências alimentares fora de casa, a pesquisa concluiu que em comparação a 2017, está a aumentar o número de vezes em que os portugueses compram fora diariamente, além de aumentar o número de refeições que fazem fora. Isso significa que 78% dos inquiridos responderam comer habitualmente comidas preparadas fora dos seus lares.

Os participantes do estudo justificam os comportamentos alimentares fora de casa por quatro fatores: 88% dizem optar por refeições externas por causa do ritmo de vida; 58%  acreditam que essa é uma maneira de ganhar tempo; 53% comem fora devido à preocupação com o equilíbrio alimentar; e 41% dizem não ter conhecimentos necessários para cozinhar.

Preço ainda é driver na decisão de consumo

Os consumidores que escolhem comer em restaurantes ou estabelecimentos comerciais procuram vantagens que a alimentação em casa não responde. A primeira delas é a conveniência. Para 78%, a comodidade é essencial, seja no acesso ou no local em que escolhem fazer uma refeição, ao mesmo tempo em que esperam rapidez no atendimento. Ou seja, comer bem e de forma rápida é o que a maioria espera.

Depois da conveniência, as vantagens procuradas pelos consumidores quando saem de casa é ter uma refeição de qualidade com um bom preço (70%), segurança (64%) e ter a oportunidade de experimentar coisas novas (37%).

Em comparação aos dados de 2017, o hábito de tomar pequeno-almoço fora de casa está estabilizado, subindo dois pontos percentuais (33%). O mesmo acontece com o almoço e jantar. Ambos tiveram um aumento de três pontos percentuais, totalizando 54%  e 33%, respetivamente.

Em relação ao custo das refeições, o gasto médio com o pequeno-almoço em padarias, pastelarias e outros estabelecimentos mantém-se em 2,38€. No almoço, essa média subiu de 7,09€ (2017) para 8,37€ (2019). O gasto no jantar também apresentou um aumento de 9,88€ para 11,48€. 

 

De acordo com o partner do IMR, João Ferreira, está estabilizada a procura por conveniência na hora de decidir comer fora de casa, sendo que o grande desafio das empresas é conseguir garantir tal vantagem aos consumidores sem “contaminar” o gasto médio no consumo. “O preço ainda é um driver na decisão do consumidor”, salientou João Ferreira durante a apresentação do estudo na conferência FoodBiz 2019.

Comer em casa o que se compra fora

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João Ferreira, partner do IMR, mostrou os dados da pesquisa na conferência FoodBiz 2019.

A busca por comodidade e agilidade na hora de fazer as refeições acaba por refletir no aumento do número de pessoas que levam as comidas compradas fora para comer em casa. De acordo com o estudo do IMR, 24% dos consumidores assumem ter esse hábito.

Esse fator reflete no aumento da receção em casa. Embora ainda seja maior o número de pessoas que vão buscar a refeição (81%), de 2017 para cá as entregas em casa subiram três pontos percentuais, chegando a 19%.

A forma de fazer pedidos também está em constante mudança. A maioria dos portugueses ainda faz o pedido no local (69%) ou por telefone (24%), mas essas taxas estão três e quatro pontos percentuais menores em relação a 2017. Em contrapartida, o número de pedidos por navegadores da internet subiu seis pontos percentuais, chegando a 9%. Nas encomendas feitas através de aplicações do telemóvel, o aumento foi de cinco pontos percentuais, alcançando 14%.

Do telemóvel à mesa

Os números mostram que os portugueses estão cada vez mais a aderir à tecnologia na hora de fazer as suas refeições. A pesquisa expôs que 48% dos inquiridos têm instaladas aplicações de reserva ou de restaurantes específicos nos seus telemóveis. Para se ter uma ideia, apenas na semana anterior à divulgação do estudo (início de março), mais de metade (56%) disse ter usado alguma dessas aplicações para pedir comida.

Através desses dados é possível concluir que além do aumento das refeições fora de casa, a composição da mesa portuguesa está gradualmente a passar primeiro pelos telemóveis dos consumidores. Na posse dessas informações, resta aos empreendedores adaptarem-se aos novos formatos de consumo e seguir a investir no que está a dar certo.