Consumidores querem cada vez mais conveniência

O consumidor digital amadureceu e espera um novo conceito de experiência que agrega cada vez mais valor e conveniência tanto dentro da loja, como fora dela

29 · 04 · 2019

O aumento da competitividade e o desafio pessoal e profissional fazem com que as pessoas sejam pressionadas a procurar permanentemente mais informação e conhecimento. É gradual a quantidade de profissionais que trabalham, estudam e fazem formações ou participam em seminários e palestras ao mesmo tempo. As pessoas tentam trabalhar mais e produzir mais porque isso é exigido pelo mercado. Quando não estão a produzir, estão dedicados à vida pessoal e profissional. Como consequência, acabam por sacrificar o processo de compra, de visitas às lojas e o passeio pelos centros comerciais.

A atividade de sair e comprar já não é tão frequente, principalmente nos mercados mais maduros e em grandes centros urbanos, na medida em que as pessoas têm menos tempo para se dedicarem a essa atividade.

Assim, aumenta a cada década a procura intensa da conveniência na hora de comprar. O sentido de urgência do consumidor deu nome ao conceito “hiperconveniência”, que manifesta-se de várias maneiras. Os consumidores querem conveniência na hora de estacionar, de escolher, pagar, receber e obter crédito e serviços, como resultado desse menor tempo disponível para comprar.

A conveniência pode ser definida pela procura de gastar menos tempo e beneficiar de menor esforço em quaisquer atividades. Como resultado desse processo, mudam-se embalagens de produtos, desenvolvem-se operações mais práticas, como os alimentos pré-prontos, e mudam-se também formatos de loja, alteram-se horários de funcionamento e criam-se novos serviços.

Fácil, Rápido e a Qualquer Hora

Os serviços de entregas de alimentos em casa, de restaurantes e hipermercados tiveram uma forte expansão nos últimos anos, como resposta natural à conveniência exigida pelo consumidor sem tempo.
Para atender a essa hiperconveniência no retalho, os formatos de loja estão a mudar no sentido de oferecer tudo num só local para compras completas.

As lojas de moda estão a ficar mais orientadas para diversos estilos de vida, com o desenvolvimento do conceito total look (vestuário, calçados, acessórios e complementos para o seu público-alvo).
Além disso, o retalho tem desenvolvido alternativas de canais cujo principal atributo é a conveniência. Entre os exemplos dessa tendência estão os quiosques, as entregas ao domicílio e a venda via televisão e internet.

É neste contexto, que surgem empresas que podem não só satisfazer esse desejo, mas também cobrar mais caro pelos seus serviços. Para aqueles que estão à procura de novas ideias lucrativas de negócios, pensar nos que apontem para uma maior conveniência, é sem dúvida um caminho interessante.

Portugueses querem poupar mais tempo

No momento de comprar, o que mais motiva os consumidores portugueses? Em Portugal, mais de 50% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos ou serviços que os ajudem a poupar tempo.

Contudo, este conceito de conveniência pode ter significados distintos consoante ao tipo de público. A conveniência é procurada por todos os segmentos, mas de formas diferentes. É necessário adaptar os produtos e serviços às necessidades de cada geração, que são muito específicas.

De acordo com um estudo realizado pelo IMR, 78% dos portugueses comem habitualmente comida preparada fora do lar. A conveniência foi a vantagem mais enumerada por este tipo de consumidores que comem fora de casa, principalmente na hora do almoço, altura do dia em que a maioria da população está na rua.

Os comportamentos alimentares fora de casa são justificados por quatro fatores: ritmo de vida cada vez mais agitado, interesse em ganhar tempo, preocupação com o equilíbrio alimentar e, por último, progressiva diminuição dos conhecimentos culinários.

Apesar do desenvolvimento dos hábitos alimentares estar cada vez mais orientado para a alimentação saudável, o McDonalds, a Pizza Hut e a Telepizza ainda estão no topo das preferências dos consumidores portugueses. Escolhas que estão relacionadas com fatores que eles mais privilegiam, a conveniência e o preço.

No campo dos Bens de Grande Consumo, a conveniência pode estar relacionada tanto com os formatos das lojas como com os próprios produtos e respetivas embalagens.

A proximidade é uma das características mais procuradas quando o tema é conveniência: mais de 60% dos consumidores portugueses são influenciados pela localização das lojas quando escolhem o destino de compras. Além disso, quase 50% valorizam entradas e saídas rápidas e filas curtas e mais de 60% preferem uma organização de loja que torne a compra fácil.

Em termos de produtos, refeições prontas, massas refrigeradas e legumes refrigerados são algumas das categorias que mais têm crescido nos últimos dois anos. A razão é clara: facilitam a vida do consumidor.
Destaque ainda para a importância da tecnologia. Entre os portugueses com acesso à internet, quase 40% mostram-se disponíveis para encomendas online com entrega em casa, para a utilização de supermercados virtuais e para o recurso a scanners de mão para evitar filas no pagamento.

Os hábitos alimentares dos consumidores são também uma das tendências a ter em conta. Um maior poder de compra, associado a um ritmo de vida mais intenso, resultou numa maior procura de categorias de conveniência, como é o caso dos frutos congelados, dos componentes refrigerados, do take away e do bacalhau congelado, com uma quebra no bacalhau seco.

Nos últimos anos, uma das estratégias da divisão de retalho alimentar da Sonae é a expansão da rede de lojas de conveniência. Este objetivo resultou na abertura de novas lojas Continente Bom Dia, lojas de proximidade com uma área média de vendas de cerca de mil metros quadrados, e lojas Meu Super, franquias de retalho alimentar em áreas residenciais com uma área de venda de cerca de 200 metros quadrados.

A estratégia para melhorar a perceção de preços junto do consumidor também tem dado frutos, quer através de campanhas mais inovadoras quer de descontos mais efetivos.
Posto isto, o consumidor português procura não só o preço, mas também o melhor equilíbrio entre o preço, a oferta e a conveniência, tornando-se essencial uma harmonia entre estas três variáveis que vá ao encontro das reais tendências de consumo e daquilo que procura e necessita.