5 tendências do food service em 2019

A diversificação de formatos é causa e a consequência das mudanças que ocorrem no ambiente e no comportamento dos consumidores

22 · 03 · 2019

Restaurantes sem sala. Restaurantes partilhados. Restaurantes em supermercados. Supermercados em restaurantes. Restaurantes em centros comerciais. Restaurantes pop-ups. As possibilidades são tantas que os novos formatos estão a alterar os modelos de negócio de produtores e os conceitos de restauração.

Mas quais os formatos que tendem para a consolidação? Quais as respostas do setor de food service face aos novos desafios? Foi para dar esta e outras respostas que o IMR e a GS&IMR reuniram Ana Alcobia, Diretora-Geral do Time Out Market Lisboa, e Mário Costa, Diretor-Geral da Ceetrus Portugal, numa das mesas redondas realizadas na conferência FoodBiz 2019.

A mesa foi mediada por João Ferreira, partner do IMR, que também apresentou as cinco tendências que se devem consolidar em 2019.

Tendência 1 – Lojas em contentores

Os espaços para carregamentos de cargas nos navios começaram a ser convertidos em verdadeiras cozinhas e caíram no gosto não só dos consumidores, como de empresários do setor. Essa tendência na área de restauração ocorre, entre outros motivos, porque empreendedores têm procurado soluções que possibilitem diversidade, economia e sustentabilidade nos seus investimentos. E são justamente essas vantagens que os contentores apresentam, além de praticidade, velocidade e personalização.

Essas estruturas destacam-se pela adoção de um modelo eco-friendly, mas aliadas a estratégias arquitetónicas, que podem ter forte apelo visual, o que é essencial no ramo da restauração. Assim, usar essa tendência pode ser uma maneira de dar uma nova cara aos negócios e despertar a curiosidade e interesse das pessoas.

Leia mais: Contentores: os restaurantes de 2019

 

Tedência 2 – Conceitos híbridos

O conceito híbrido acontece quando uma empresa expande os seus negócios para outros ramos na tentativa de oferecer além dos seus produtos principais, outros itens diversificados e que são de interesse do seu target. Esse conceito tem ganho visibilidade devido aos bons resultados nos diferentes setores do retalho.

Trata-se, portanto, de um ambiente comercial que cria espaços inspiradores e que desfocam as linhas separadoras entre espaços residenciais e espaços de retalho, ou espaços exteriores e interiores. Como exemplos, o partner do IMR, João Ferreira, apresentou uma loja no primeiro piso com restaurante Rooftop, em Nova Iorque, bem como uma das lojas da cadeia de supermercados Franprix, que integra ambientes de cafeteria, restauração e supermercado num atendimento físico e digital.

Desta maneira, a tendência dos conceitos híbridos responde à necessidade de optimizar o tempo do consumidor, que pode almoçar e já fazer as compras para a casa no mesmo lugar. E, por outro lado, é uma oportunidade de ampliar os negócios, fidelizar os clientes e, consequentemente aumentar os lucros.

Tendência 3 – Conceitos phygitais

O conceito phygital promove a integração das tecnologias digitais aos espaços físicos, o que resulta em ambientes mais intuitivos e personalizados. É a tentativa de trazer ao mundo físico as infinitas possibilidades que a interatividade digital proporciona.

O grande desafio dessa tendência é de que essa fusão entre a experiência física e a digital aconteça de maneira natural e orgânica. O objetivo é que o consumidor não perceba mais em qual ponto começa uma e termina a outra, sem perder a ordem de grandeza das duas experiências de compra.

Isso significa que o ambiente físico representa ainda a força de uma marca, pois estabelece e reforça a sua presença no mundo real, enquanto o digital é uma clara e conveniente extensão de tudo o que a marca representa. No processo de transformação do comportamento do cliente, a relação de custo-benefício acaba por ser mais positiva para a esfera digital. No entanto, as lojas físicas ainda são o único ponto de contacto pessoal com o consumidor, o local onde pode experimentar o produto e vivenciar a sua compra.

Sobre esse aspeto, João Ferreira deixou claro: “Há uma ideia padrão nesses conceitos, que é a de retirar todos os níveis de fricção com o cliente, desde o momento em que ele está na rua até o momento em que tem de sair da loja. Independentemente de ser com tecnologia ou com intervenção humana, aquilo que é fundamentalmente relevante é a constatação da necessidade de tornar isso tudo muito linear e simples. O cliente não deve terfricção e obstáculos”.

timeouteceetrusJoão Ferreira, Ana alcobia e Mário Costa durante mesa redonda no FoodBiz 2019.

Tendência 4 – Conceitos holísticos

O mesmo consumidor tem missões de compras variadas e em diferentes momentos. Então, como é possível apanhar todas essas missões? Para o partner do IMR, João Ferreira, a resposta está nos conceitos holísticos. 

O Holismo é um conceito filosófico que defende a totalidade, ou seja, acredita-se que o todo é o que determina como as partes de um mesmo sistema se comportam. Por isso, no âmbito empresarial, o conceito holístico está relacionado com a visão global da empresa, o que inclui todos os seus elementos, estratégias e atividades. Nessa visão, a empresa não é resultado de uma divisão em blocos ou setores (comum na lógica mecanicista), pelo contrário, tudo o que envolve a organização é a sua representação única.

Trata-se, portanto, de uma maneira de olhar a empresa de forma macro, e não apenas como a união de áreas e partes que se juntam para realizar determinadas tarefas e trabalhos individuais. Esse conceito aponta para uma visão global de todos os processos e fenómenos envolventes, com o objetivo de alcançar melhores resultados, não só para a empresa, mas também para o consumidor.

O apoio ao cliente, por exemplo, assume a mesma importância que as vendas quando há conciliação entre a ética da empresa e as necessidades dos consumidores. “Os conceitos de valor, nesses casos, estão orientados para uma promessa, normalmente muito norteada para o bem-estar. São os conceitos que visam satisfazer mais missões de compra”, explicou João Ferreira durante a conferência FoodBiz 2019.

 

Tendência 5 – Espaços compartilhados

Partilhar nunca esteve tão em alta. Se antes ter as próprias coisas era um bom argumento de vendas, hoje o cenário está muito diferente. Os consumidores atuais procuram por serviços e produtos que possam ser divididos com outras pessoas e resultem num menor custo.

Um comprovativo dessa tendência é o expressivo crescimento dos espaços de trabalho partilhados, os conhecidos coworking, bem como os serviços de transporte e hospedagem, a exemplo das empresas Uber, Gira, Lime e Airbnb. No setor de food service a tendência interfere na criação de novos ambientes de restauração e na adaptação daqueles já existentes.

Uma das mais recentes novidades são as cozinhas colaborativas. Tratam-se de espaços construídos para a realização de eventos gastronómicos. Esse tipo de espaço já existe em Lisboa e possui uma grande aceitação, como salientaram Mário Costa e Ana Alcobia durante o FoodBiz 2019.

Tanto a Ceetrus como o Time Out Market Lisboa investiram em cozinhas partilhadas. A primeira levou o conceito para os centros de compras, o segundo, para o seu espaço de restauração. Ambos atendem profissionais da gastronomia que querem fazer as suas receitas, ministrar cursos e experimentar novos sabores, bem como aqueles que procuram realizar eventos e festas num ambiente diferenciado.

O conceito dos espaços partilhados pode ser visto ainda nas mesas e na logística de atendimento do Time Out Market, que, como diz Ana Alcobia no vídeo abaixo, é muito mais sentimental do que tecnológica.

Como visto, existe uma forte tendência para a consolidação de novos espaços e formatos na área de food service. Resta aos diferentes segmentos encontrarem quais formatos adequam-se melhor e valorizam o seu negócio. A Ceetrus e o Time Out Market são exemplos de que é viável e necessário testá-los e aprimorá-los.