A sua empresa está a utilizar toda a tecnologia que possui?

Estudo revela que 95% das cadeias de abastecimento não estão a aproveitar ao máximo os benefícios da digitalização

20 · 08 · 2019

 

 

Ao mesmo tempo que novas tecnologias disruptivas surgem para beneficiar os negócios, a cultura empresarial do setor de cadeias de abastecimento faz uso dessas potencialidades a um ritmo muito tímido. Entenda o motivo e como aproveitar os benefícios e manter-se à frente da concorrência.

Um estudo revelou que 95% das cadeias de abastecimento não estão a aproveitar ao máximo os possíveis benefícios de redução de custos que a digitalização pode proporcionar-lhes. Isso significa que de um modo global as empresas não estão conseguindo acompanhar o ritmo da evolução tecnológica, que segue com um crescimento exponencial.

Inteligência artificial (IA), internet das coisas (IoT), realidade aumentada, big data e blockchain são algumas das tecnologias com potencial transformador nas cadeias de abastecimento tradicionais e que as empresas deveriam integrar nas suas operações e estratégias.

O facto de não estarem a aproveitar as mudanças tecnológicas da melhor maneira não significa que as empresas não estão a investir no setor. Pelo contrário, 73% dos participantes do estudo afirmam que as suas empresas estão a investir em big data, tecnologia que têm como a solução mais importante. Depois há investimentos em cloud (63%), IoT (54%), nos modelos blockchain (51%) e no machine learning (46%).

Quase 40% dos inquiridos também disseram que as suas empresas estão a desenvolver uma ou mais soluções de análise e 31% estão a fazer o mesmo em aplicações físicas. Este ritmo mais lento é, portanto, mais sintomático nos cenários de mudança organizacional, pois não há dúvida que a digitalização está a ter um impacto incrível nas cadeias de abastecimento e nas operações em todo o mundo.

O problema é que as empresas deparam-se com muitas opções, à medida que novos produtos e aplicações chegam ao mercado, e por isso a aceitação acaba por ser mais demorada. De acordo com o estudo, por exemplo, a principal preocupação e que ajuda a “travar” a transformação digital é a fiabilidade nas tecnologias (67%), enquanto 65% mostram resistência à mudança e 64% um insuficiente rendimento do investimento.

Ter uma estratégia para a digitalização é essencial

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Para usufruírem dos benefícios da transformação digital, é imprescindível que as empresas comecem a adequar-se e a investir nas inovações de uma forma clara. Quem almeja manter-se no mercado de forma competitiva precisa ter muito sentido crítico, um certo cuidado e, principalmente, um bom planeamento estratégico. Só assim será possível fazer uma verdadeira transformação digital e trazer resultados positivos.

É preciso ter em mente que a mudança requer novos posicionamentos. O investimento deve ser de uma forma global e velhos hábitos precisam ficar para trás. Um exemplo do ponto de vista estratégico é a partilha de informações sobre novos produtos. Antes mantidas em sigilo devido ao receio de dar pistas sobre o que estava por vir e gerar desinteresse pela oferta atual, hoje partilhar a visão de futuro tornou-se uma vantagem competitiva, que permite aos consumidores pensarem no futuro e planear esta adoção de novos recursos.

Outro aspeto importante é a perceção quanto à utilização de dados. Já é do conhecimento geral que todos esses dados recém-descobertos podem ter impacto no sucesso dos negócios, mas primeiro, as empresas precisam entender profundamente as informações que possuem e qual é o seu potencial valor real.

A inteligência artificial e o machine learning são tecnologias fundamentais, porém há uma necessidade crítica de investir em cientistas de dados que compreendam e saibam como fazer a gestão, alavancar e monetizar essa informação ao longo do caminho.

Além da análise de dados, a gestão de desempenho também é necessária. As tecnologias digitais oferecem visibilidade do desempenho de cada aplicação e reconhecem os erros de forma mais rápida, permitindo que problemas de tráfego ou rede sejam solucionados antes de afetar os utilizadores, e detetar invasões antes que os danos possam ser causados.

Os benefícios da transformação digital

Quando bem executada a transformação digital numa empresa, os benefícios são enormes. A mudança pode aumentar a produtividade de maneira drástica e conceder ao negócio a vantagem competitiva necessária para oferecer uma experiência excecional ao cliente.

Entre os principais benefícios podemos citar:

  • Uma interação exemplar com o consumidor;
  • Força de trabalho mais inteligente, rápida e produtiva;
  • Maior rentabilidade;
  • Acessibilidade;
  • Ter um negócio mais amigo do meio ambiente;
  • Armazenamento e utilização de dados.

Isso significa que as oportunidades e benefícios são praticamente infinitas. A começar pela geração de dados de diferentes fontes, o que garante à empresa a possibilidade de maior interação com os seus clientes, como a indicação de novos produtos e serviços com base nas suas experiências de compras anteriores.

Além disso, a empresa poderá contar com informações mais precisas, melhor gestão de stock, acesso a novos segmentos de clientes, maior produtividade, processos de produção simplificados, previsão efetiva e decisões comerciais eficientes.

Investimentos começam a ter resultados

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Por mais que ainda haja muita resistência em alguns setores, estamos a entrar cada vez mais no momento no qual as tecnologias, das quais falou-se tanto nos últimos anos, finalmente começam a ter um impacto real. Essa realidade pode ser vista principalmente em empresas que apostaram mais cedo nas inovações e evoluíram juntamente com elas.

Abaixo citamos dois exemplos de empresas que já começam a atingir um ponto de maturidade das tecnologias na qual a adoção começa a fazer mais sentido.

A consolidação do carro elétrico da Tesla

A Tesla, empresa norte-americana de carros e de armazenamento de energia, acumulou numerosas dívidas durante muitos anos até resolver revolucionar a indústria através de uma grande transformação digital. Criadora do carro elétrico mais vendido do mundo, a empresa tornou-se em poucos anos num gigante tecnológico.

Como? Desenvolvendo sistemas de inteligência artificial capazes de tornar os carros autónomos, e tirando partido da conectividade para criar redes de distribuição de transportes e de energia, provavelmente as infraestruturas do nosso futuro. A empresa desenvolve, produz e vende automóveis elétricos de alto desempenho, componentes para motores e transmissões para veículos elétricos e produtos à base de baterias.

É dona do primeiro carro totalmente elétrico, com a capacidade de carregar 80?bateria em 30 minutos, com autonomia superior a 360 quilómetros. Com essa grande inovação, a Tesla já esteve por duas vezes no topo da lista da Forbes como a empresa mais inovadora.

Experian e a inovação nos créditos

A Experian plc é uma empresa multinacional de gestão de informações e bancos de dados que opera em 44 países. Também já foi citada pela Forbes como uma das companhias mais inovadoras do mundo devido a um alto investimento na sua transformação digital.

A empresa tem a sua sede corporativa em Dublin e a operacional em Nottingham, Costa Mesa e São Paulo. Emprega atualmente 17 mil profissionais e é conhecida pela pontuação de crédito. O seu trabalho ajuda a construir um perfil de crédito mais preciso para as pessoas, aumentando a capacidade de aceitar empréstimos para a compra de casas, por exemplo.

Esse trabalho só é possível devido ao investimento nas tecnologias de geração de dados. A empresa trabalha em parceria com o gestor de finanças Finicity, e ambos conseguem dados alternativos, como pagamentos de renda, pagamentos de serviços públicos e outras operações, tudo em tempo real. Assim, conseguem construir um histórico de crédito mais preciso e possibilitar maiores facilidades aos seus clientes.

Os exemplos mostram que embora muitas empresas não percebam a verdadeira necessidade da transformação digital, não é possível negar o papel fundamental que ela tem na agilização de todo tipo de processo corporativo. Portanto, as mudanças necessárias na cultura organizacional para um melhor aproveitamento das tecnologias devem ser consideradas com rigor não só pelas cadeias de abastecimento, mas pelos mais distintos setores.