Como a robótica está a mudar a experiência de compra?

A robótica assume um papel de destaque num contexto em que as empresas procuram reduzir custos e aumentar valor

07 · 01 · 2019

Atualmente, as lojas físicas já estão a adotar tecnologias avançadas para não perder terreno para as lojas online, recorrendo ao uso de robôs e espelhos digitais interativos para prateleiras com sensores para atrair os consumidores que só compram pela Internet, e até mesmo incentivá-los a gastar mais no processo de compra. 

Com a evolução da tecnologia, o retalho depara-se com novos desafios e com uma mudança no comportamento do consumidor. Se por um lado há cada vez mais lojas pop-up, que vendem produtos como cerveja artesanal, roupas vintage, objetos de design exclusivo, entre outras coisas. Por outro lado, muitas das lojas tradicionais estão a desparecer. A solução passa por oferecer novas experiências ao cliente e simplificar o ato de compra. E como é que as empresas fazem isso atualmente? Através da robótica!

A nova loja de supermercado experimental da Amazon em Seattle, aberta no início deste ano, já permite que os consumidores comprem produtos sem a necessidade de parar numa fila. Os sensores monitoram todos os stocks das prateleiras, e os produtos selecionados aparecem numa aplicação da Amazon no smartphone A compra é assim debitada automaticamente na conta do cliente.

Posto isto, podemos afirmar que a robótica está a assumir um papel cada vez mais importante não só no retalho, como nos negócios e na vida em geral. E em Portugal? Quais são as empresas que já recorrem a esta tecnologia?

Banco Best

Uma parceria entre o Banco Best e a gestora de ativos alemã Acatis, permitiu que o primeiro fundo de ações gerido por inteligência artificial chegasse a Portugal. O objetivo é deixar que um robô selecione as melhores ações de investimento dentro de uma lógica mais tradicional da casa de gestão.

Criado na Alemanha, o fundo ACATIS AI Global Equities é gerido sem intervenção do gestor no processo de tomada de decisão, desde a seleção de títulos até à ponderação de cada posição na carteira. Ou seja, todos os passos são controlados por um robô. As principais características do programa de inteligência artificial deste fundo incluem uma aprendizagem autodidática e uma deteção independente de padrões, capaz de se ajustar progressivamente ao ambiente de mercado e de seguir um horizonte temporal de longo prazo. De um universo de cerca de 4000 ações são analisados 232 fatores para se chegar a uma carteira de 50 ações.

Sanbot em Portugal

O Sanbot é um robot de serviço criado pela empresa chinesa Qihan e já está disponível no mercado português. Pesa 20 quilos e tem 90 centímetros de altura. Neste momento está a ser testado numa unidade hoteleira em Lisboa e é apresentado pela empresa como “um robot social, altamente personalizável, com design simples e equipado com a mais recente tecnologia de inteligência artificial”. Tem sensores que permitem movimento ilimitado, através das suas 12 pequenas rodas móveis que fazem rotações de 360º, possibilitando a navegação em superfícies irregulares. Dispõe, ainda, de dez sensores para evitar obstáculos quando realiza uma deslocação. Além disso, a Sanbot dispõe de um ecrã tátil HD de 10,1 polegadas, possibilitando visualização de imagens em alta resolução e uma experiência rica de interface (UI),com braços iluminados de mais de 250 cores e um projetor laser HD.

Este robot conta ainda com uma câmara 3D que interpreta os gestos e movimentos das pessoas, com a capacidade de fazer reconhecimento facial. Tem um microfone incorporado, que permite localização por voz e a resposta a comandos de voz.

Segundo a empresa que o criou, é um robot que tem potencial para trabalhar na área de saúde. Tem a capacidade para prestar apoio a enfermeiras, através do sistema operativo Android, que pode ser programado para lembrar a hora dos medicamentos, fazer videochamadas ou disparar alertas por SMS caso o batimento cardíaco do paciente fique alterado. Pode, inclusive, ser colocado em departamentos geriátricos e pediátricos, salas de tratamento oncológico ou hemodiálise com o objetivo de entreter os pacientes.

Outro setor que pode beneficiar com este novo dispositivo é o turístico, no que diz respeito ao desenvolvimento de uma melhor experiência de hospitalidade aos turistas, pois permite uma tradução simultânea, dar as boas-vindas e recolher informação.

Ou, como mencionámos em cima, pode ser usado no setor do retalho, no auxílio da promoção de serviços no ponto de venda físico, fornecendo informação sobre os mesmos, ou até na entrega de um voucher promocional.

VineScout

Na Quinta da Ataíde, no Douro vinhateiro, vive um robot chamado VineScout. A sua missão é recolher informação dos ciclos de crescimentos e maturação de uva em tempo real. 

Surgiu no âmbito de um projeto europeu no valor de dois milhões de euros e destaca-se pela capacidade de monitorizar a vinha de forma autónoma e com recurso a propulsão elétrica e energia solar, para garantir melhorias na vitivinicultura no Douro em outras regiões da Europa, tendo em conta as práticas sustentáveis necessárias para garantir o futuro do sector.

É uma tecnologia capaz de medir os parâmetros chave da vinha no apoio à viticultura, incluindo o controlo do estado hídrico da videira, para uma gestão correta da disponibilização da água, a temperatura da folha e o vigor da planta. O VineScout apresenta-se como um robô acessível, fiável e fácil de operar. Ainda se encontra em crescimento e em incorporação de melhorias até à versão final, em 2019, para ser produzido em série a médio-longo prazo.

Com a sua ajuda, os viticultores esperam ultrapassar algumas limitações decorrentes das técnicas atuais de recolha de dados das vinhas que são consideradas caras, exigem trabalhadores com formação específica e demoram algum tempo, uma vez que as quintas têm áreas extensas para serem monitorizadas.

Adecco Portugal

O “robô Manuel” é o primeiro projeto de Robotic Process Automation da Adecco Portugal. Está a funcionar em pleno desde setembro de 2018 e já conta com um registo de 10?aumento na produtividade da empresa especialista em recursos humanos.

Integrado na equipa de recrutamento, é o primeiro assistente ao recrutador, com o objetivo de otimizar procedimentos, através de tarefas que se espera sejam realizadas com rigor e eficiência, e “libertar” os colaboradores para tarefas que agregam mais valor à empresa. 

Neste momento, o “Manuel” está direcionado a tarefas específicas de análise de Bases de Dados, interação com os candidatos e verificação e preenchimento automático de anúncios de emprego em websites da marca e externos. Tem a capacidade de analisar a informação das Bases de Dados de candidatos Adecco, preenchida pelos próprios, e avaliar aqueles que necessita contactar para obter mais informação, relevante para uma boa triagem e para garantir que todos os candidatos estão em idênticas condições no momento da seleção e candidatura a vagas específicas.

Numa segunda fase de procedimento e acordo com essa análise, pode interagir via correio eletrónico com os candidatos, para garantir que a informação relevante é completa.