Como o Big Data está a impulsionar as grandes empresas?

Reduzir custos, melhorar a utilização dos recursos e aumentar a eficiência dos colaboradores são algumas das vantagens de transformar dados em conhecimento

28 · 12 · 2018

Apelidado de “o novo ouro”, o Big Data é o ativo mais precioso das empresas neste novo século, na medida em que permite reduzir custos, aumentar receitas, otimizar processos de negócio, aumentar a produtividade e simplificar os processos de negócio. É nos dados que as organizações leem o seu futuro. As empresas mais bem-sucedidas são, e serão cada vez mais, aquelas que suportam as suas decisões baseadas no conhecimento gerado pelos dados.

Em Portugal, são essencialmente as grandes empresas que se predispõem a investir e a aproveitar os benefícios e as qualidades desta tecnologia. Segundo os dados de um estudo feito pela Huawei, no setor do retalho, há empresas a apostar neste tipo de projetos, mas sempre para implementar num prazo superior a 12 meses.

Já no sector financeiro, é possível encontrar empresas de pequena e média dimensão com a preocupação de tratar os grandes aglomerados de dados. Mas os projetos de Big Data não têm peso superior aos 10% em relação aos projetos de tecnologia nas empresas deste sector. E muitos outros sectores, como o alimentar, automóvel e construção, entre outros, não dispõem ainda de qualquer projeto de Big Data inscrito como prioritário.

Um estudo feito pelo Instituto Nacional de Estatística concluiu que, durante o ano de 2015, 13%  das empresas portuguesas analisaram dados em processos de Big Data, e que a principal fonte de informação utilizada foram os dados de geolocalização da utilização de dispositivos móveis, bem como a utilização de dados gerados a partir de meios de comunicação digital.

Numa primeira fase, a adopção deste tipo de soluções por parte das empresas começou por projetos mais técnicos onde a qualidade de dados e a capacidade de processamento foram os grandes drivers. No entanto, nos últimos dois anos, evoluiu para cenários mais avançados, que vão desde a análise predictiva, machine learning, análise near real-time, entre outros.

As empresas portuguesas estão a compreender a oportunidade que esta vaga da transformação digital pode representar para a sua competitividade. A digitalização de processos, o tratamento superior de dados, uma gestão mais eficaz e processos de tomada de decisões mais rápidos, são fatores que garantem uma vantagem competitiva face aos concorrentes.

Em Portugal, o Big Data está a ser utilizado nos mais diversos sectores de atividade, do sector público ao setor privado. No sector público, existem exemplos de análise de dados para deteção de fraude, detenção de padrões anormais em informação dos cidadãos, correlação de dados entre organismos, entre outros. No privado verifica-se uma lógica mais voltada para fazer mais e melhor negócio, com a procura de um histórico de vendas/compras, relacionamento com clientes, deteção de padrões de compra, sugestões para cross-selling, manutenção preventiva de equipamentos, etc.

Vodafone

A Vodafone é uma das empresas portuguesas que investiu nesta tecnologia com intuito de obter valor e conhecimento dos dados para antecipar as necessidades e expectativas dos seus clientes e melhorar as suas experiências. A gestão de grandes quantidades de informação é usada na criação de novas ofertas, personalização de produtos e serviços ou a otimização de canais de venda, processos internos e infraestruturas.

Netflix

A Netflix é um dos maiores serviços de streaming de vídeos do mundo e com presença em mais de 130 países. Uma recente análise veio mostrar que a Netflix é já o serviço que mais tráfego gera na Internet, com 13,75%  de todo o tráfego que circula na Internet.

Esses resultados são possíveis graças à qualidade do serviço, que é otimizado constantemente de acordo com o conhecimento do comportamento do seu consumidor que consegue através do uso de Big Data. A empresa assim consegue ter uma visão ampla e geral do produto que oferece.

A Netflix trabalha diariamente na análise de dados para personalizar o atendimento, distribuir conteúdo, analisar melhores dispositivos e conhecer os hábitos dos clientes. É desta forma que a empresa pode prever e recomendar ao utilizador algo que se identifique com ele com base no seu comportamento na rede. Tudo o que utilizador faz é analisado: o que ele vê, a que horas, em que dispositivo, em que partes do filme fez pausa ou avançou, porque só viu o primeiro episódio daquela série e quem são os atores e diretores favoritos.

A Netflix tem-se preparado para a “guerra” da concorrência, seja contra a Amazon – que também investe em Big Data e comprou em 2011 a base de dados de uma de suas concorrentes, a Lovefilm –, seja contra o sistema de streaming da HBO, ou até mesmo contra a brasileira Looke. Ganha quem tiver as melhores informações e souber o que fazer com elas.
Segundo Jeff Magnusson, gerente de arquitetura de plataforma de dados da empresa, a Netflix trabalha com as seguintes premissas em relação aos seus dados: devem ser acessíveis, de fácil processamento, de fácil visualização e quanto mais tempo é a demora para encontrá-los, menos valiosos se tornam.

Nike

A Nike é uma das maiores marcas de desporto do mundo e fez uma parceria com uma empresa de tecnologia, com o objetivo de desenvolver um software que fosse usado pelos praticantes de corrida. Essa aplicação continha a informação da frequência de batimentos cardíacos, velocidade, quantidade de passos dados, distância percorrida e muitos outros dados.

O objetivo neste caso, foi integrar essa aplicação nas redes sociais, como forma de estímulo dos amigos e fãs de corrida a partilharem as suas informações, de forma a motivar uma certa “competição” entre os atletas. O estímulo a esse comportamento multiplicou exponencialmente a quantidade de dados produzidos diariamente. Dados que são usados pela Nike para compreender o seu público, melhorar seus produtos ou desenvolver novos modelos de ténis e roupas desportivas.

Danone

A Danone norte-americana tinha a necessidade de melhorar a sua cadeia logística na distribuição de um certo tipo de iogurte, o “Grego”, neste caso. Como o produto esgotava com rapidez, era preciso arranjar uma solução para ser produzido e entregue mais rapidamente. Isso tornou-se possível apenas com o cruzamento de dados de rotas, tempo de entrega e prazo de validade.

Starbucks

A originalidade de espaços e de bebidas definem a marca Starbucks. Também a nível informático, a empresa gosta de inovar e primar pela diferença. Há bastante tempo que a marca utiliza soluções de Big Data, de modo a manter-se sempre à frente da sua concorrência.

Através desta tecnologia, a empresa consegue gerar análises demográficas que servem como planos de mercado e aberturas de novas lojas. A organização consegue definir os pontos de vendas ideais, cruzando grandes quantidades de dados. Os seus sistemas inteligentes recolhem informações das pessoas que circulam em determinada zona, o tráfego de veículos que existe e disponibilidades de transporte público. Com base na análise destas informações, é possível definir se abrir uma cafetaria numa determinada zona será um bom investimento ou não.
O Big Data permite ainda que a marca conheça muito bem os seus clientes e desta forma consiga gerar cupões de desconto e promoções personalizadas.

NBA

Não há melhor exemplo do que a NBA no que se refere ao modo como a otimização da experiência do cliente pode ajudar a construir uma marca forte. Através de análises de Big Data, a NBA proporciona ao público uma experiência personalizada muito além de um simples jogo de basquetebol. O público recebe a todo o instante novos dados em tempo real que lhes permite saber, a cada minuto, o que se passou nos jogos. Dentro do estádio, são disponibilizadas seis câmaras que captam todos os movimentos que acontecem. Devido a esta captação de todos os detalhes, o sistema atribui tags a todos os atletas, que produzem estatísticas que são disponibilizadas em tempo real, como mapas de calor, posse de bola, entre outros aspetos relevantes para os amantes deste desporto.

Pinterest

O Pinterest tem atualmente cerca de 150 milhões de utilizadores ativos e um dos seus grandes trunfos é a utilização do Big Data. Na empresa Pinterest, os data scientists implementaram inteligência artificial, que permite personalizar ao máximo a experiência dos utilizadores, criar sugestões de conteúdo personalizado, entre outros aspetos que fazem com que as pessoas que usam o Pinterest se sintam tratadas de forma especial.