Da China para o mundo: o futuro das lojas físicas

Como serão as lojas físicas no futuro? Para responder à questão não precisa ter imaginação… Segundo Marcos Gouvêa, basta ir à China.

13 · 11 · 2018

O desenvolvimento da vertente digital e competitiva e o aparecimento de um novo perfil de consumidor, mais racional e exigente, provocaram uma alteração no retalho global. Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral e fundador do grupo GS&Gouvêa de Souza, veio do Brasil até à Retail Innovations 2018 explicar como vão ser as lojas físicas no futuro, seguindo os exemplos que já existem noutros países. 

O orador abordou o tema: “Lojas Ultra Imersivas, Lojas Partilháveis e Lojas digitais: percursos pelos conceitos mais inovadores dos Estados Unidos, China e Europa”, no qual caracterizou o retalho atual e destacou as tendências mais relevantes das lojas físicas.

Na apresentação, começou por falar no novo tipo de consumidor e das transformações estruturais que isso provocou nos Estados Unidos. A falta de tempo das pessoas, o facto de estarem mais informadas e quererem mais facilidade no ato de compra, obrigou a uma forte reestruturação do retalho nesse país. “O tráfego das lojas nos Estados Unidos caiu 54% e obrigou as empresas a reduzir o tamanho da loja e o número de lojas”, realçou.

Segundo Marcos Gouvêa, a solução passou pela criação de experiências imersivas em lojas através da emoção e das novas tecnologias. “A aceleração da realidade virtual foi transformada num instrumento de formação e num canal de distribuição de produtos e serviços, de forma a proporcionar uma experiência menos racional ao consumidor”, frisou.

Assim, passou a haver, não só uma maior preocupação na distribuição dos produtos, para permitir que o consumidor conheça com mais detalhe o que é oferecido, como também uma aposta mais significativa nos produtos personalizados e reciclados. “As mudanças que vêm das necessidades do consumidor proporcionam experiências de todo tipo e os retalhistas têm de se adaptar a isso”, realçou o orador.

O aparecimento do e-commerce e de um consumidor mais racional criou uma pressão competitiva em termos de resultados e rentabilidade no retalho físico internacional, o que resultou numa “desfronteirização” do mercado.

Para Marcos Gouvêa, “o retalho está agora a ser construído, fortemente influenciado pelo digital, cada vez mais competitivo, sem fronteiras, porque se vende de tudo para todos”. Neste contexto, mencionou quais são as tendências que já estão a marcar as lojas físicas atualmente. 

Tendências das lojas físicas: 

- Desumanização do retalho. Investir progressivamente em tecnologia para optimizar os seus processos e assim reduzir os seus custos operacionais;

- Integração de conceitos e propostas que estão a criar a loja-instalação, com uma mistura de arte, gastronomia, produtos, serviços e ponto de encontro e relacionamento;

- Oferta de significado na operação de compra aos consumidores, de forma a motivar ou influenciar as decisões de compra com a criação de conceitos interessantes;

- Integração do mundo digital no ponto de venda para melhorar a experiência de compra do consumidor;

- Customização, com a adaptação dos produtos ao perfil do consumidor. 

- Influência das transformações que vêm da China.

Sobre este último ponto, o diretor-geral considera que “o retalho do mundo ocidental, por mais que se transforme, transforma-se menos do que na China, onde um telemóvel é o principal instrumento de relacionamento, de pagamento e de fidelização. O que faz com que novos grupos se criem e ocupem espaços cada vez mais importantes na distribuição de produtos e serviços, gerando uma outra realidade caraterizada pela antecipação do que acontecerá no retalho ocidental num futuro próximo”.

Desta forma, a China está a contribuir para a transformação das estruturas de negócios de forma transversal focadas no consumidor, no qual impera a vertente digital, a competitividade e a utilização de dados sobre comportamentos para criar produtos. 

"Algumas empresas portuguesas são benchmark para o mundo"

Confrontado com o estado do retalho português, o diretor-geral considera que “está muito avançado” e não tem dúvidas ao afirmar que “algumas empresas portuguesas são benchmark para o mundo". "Ensinam como incorporar serviços no retalho, criar novos conceitos e como administrar programas de relacionamentos”, explicou. No entanto, alertou que “estamos a viver numa realidade cada vez mais volátil e que é preciso ter em conta o que está a acontecer no mundo para encontrar os melhores conceitos, as melhores experiências e implantá-las também em Portugal, antes que alguns retalhistas internacionais estejam mais fortemente presentes aqui”.

Sobre a utilidade da conferência Retail Innovations, afirmou que “é importante para rever caminhos, tomar decisões, implantar e monitorar rapidamente”.” Trouxemos experiências de diversos lugares do mundo para que perceção seja a mais completa, a mais abrangente e profunda”, assegurou.

 

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